Quarto de Lili.
Bela está amarrada a uma cadeira no centro do quarto. Tem as mãos e os pés atados e está amordaçada. Lili aponta-lhe uma pistola. Entra Dara.
Dara Lili…
Lili Ela sabe. Viu-te. Viu-te a fugir. Sabe o que fizeste.
Dara Não podes fazer isto, Lili…
Lili Tem de ser. Ela pode contar a alguém.
Dara Ela não vai dizer nada a ninguém. Não vais, pois não, Bela?
Cheia de medo, Bela diz que não com a cabeça.
Lili Como se ela fosse dizer outra coisa.
Dara Eu confio nela.
Lili Não devias.
Dara Pousa isso, Lili.
Lili Estou a tentar proteger-te, Dara.
Dara Não preciso da tua protecção. Lili, olha para mim…
Lili olha para Dara.
Dara Ouve. Isto é um disparate. Não podes ir para a frente com isto. Sabes tão bem quanto eu. Pousa isso
Lili baixa a pistola.
Dara Toda gente sabe que ela está aqui, Lili. Todos a viram subir. Se acontecer alguma coisa, vão saber que foste tu, Lili. Vais para a prisão.
Lili Na prisão já eu estou.
Dara Isto não é um jogo.
Lili Eu sei.
Dara Vamos acabar com isto.
Lili Sim, já é tempo de acabar. Estou cansada. Acho que estamos a chegar ao fim.
Muito depressa, Lili aponta a pistola à cabeça de Dara.
Lili Bela, parece que, antes de morrer, o Zé sorriu. Sorriu porque ia finalmente sair daqui. Sorriu porque ia fugir, fugir desta pasmaceira, desta monotonia, desta merda toda – ia-se embora.
Lili dispara a pistola e dá um tiro na cabeça de Dara. Dara cai. Depois, Lili vira a pistola para si própria.
Lili Olha para mim, Bela. Olha para mim a sorrir.
As luzes apagam-se. Ouve-se um segundo tiro. Na escuridão, falam Jacob e Lili.
Jacob Nunca há nada para fazer aqui. Nada para fazer, nenhum sítio para onde ir. Estamos sempre para aqui sentados, à espera de alguma coisa, à espera que alguma coisa aconteça. Nunca acontece. Nunca acontece nada na Belavista.
Lili Invento histórias. Sou assim.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário