quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cena 14

Noite. Casa de Zé e Tó.

Jacob Começa-se com uma ideia mesmo estúpida – sei lá, entrar ilegalmente na casa de um vizinho enquanto ele está no Bingo, para procurar o corpo do gémeo assassinado. Depois é só pôr em prática essa ideia estúpida.

Entra Dara. Começa a remexer em tudo.

Jacob Depois de meia hora ali a vasculhar, apesar de só se ter conseguido encontrar um carregamento de chocolates de leite Cadbury e uma caixa de pornografia «especializada»…

Dara olha para dentro de uma caixa.

Dara Que nojo! Porcalhão.
Jacob Apanha-se um susto quando, inesperadamente, se ouve uma chave a rodar na fechadura e se percebe que o vizinho veio para casa mais cedo.

Entra Zé, a cantarolar.

Dara (sussurrando) Merda, foda-se, colhões, merda, merda, colhões.
Jacob A única solução é subir pelas escadas, procurar um esconderijo no quarto dele, e só tentar fugir quando o caminho estiver livre.

Zé olha para a sala de estar.

Zé Que merda se passa aqui?
Jacob Infelizmente, o vizinho não é cego…

Zé olha para a sala de estar em pantanas.

Zé (aos berros) Eu sei que estás aí. Sei que ainda estás aí, meu filho da puta. Sai de onde estás, cabrão de merda – anda cá e porta-te como um homem!
Jacob O pânico instala-se. Só se pensa em sair dali para fora. Sai-se do quarto a correr, mas o vizinho, agora furioso, como seria de esperar, intercepta-nos ao cimo das escadas.

Zé e Dara ficam frente a frente.

Zé A que merda é que pensas que estás a brincar?
Jacob Não foi de propósito – a intenção era só dar-lhe um encontrão para conseguir fugir, nada mais. Ninguém queria que ele perdesse o equilíbrio, caísse para trás e batesse com a cabeça grande, gorda e pesada em todos os degraus. Depois fica-se para ali a olhar para ele, que deixou de respirar, não se mexe, fica-se para ali a pensar…
Dara Mas que grandessíssima merda!

Sem comentários:

Enviar um comentário